Campina Grande possui uma cena musical borbulhante de bandas e artistas talentosos que constantemente aquecem os ânimos locais com seus trabalhos. Veterana no meio, a banda Bakamarte, composta por Lucas Barreto (frontman e vocal), Vinícius Vasconcelos (contrabaixo), Joselito Lucena (guitarra), Tonny Lira (baterista) e Breno Felipe (guitarra), anunciou a estreia de seu novo clipe para o dia 11/09/2020! O homem por trás das câmeras e da montagem foi o Suélio Queiroz. A música do lançamento é a "Quarto 47c", e tem como elenco principal os ícones Estêvão Ferreira e Pablito! Em entrevista com o Jubaganja, Breno Felipe nos convida para darmos um mergulho nos bastidores do clipe!

Banda Bakamarte - "Quarto 47c". (Da esquerda para a direita: Joselito Lucena, Breno Felipe, Tonny Lira, Lucas Barreto, Vinícius Vasconcelos e Suélio Queiroz)
Salve, queridas e queridos leitores Muda Mundo!!! É muito bom recebê-los no primeiro post pós-inauguração do nosso blog musical! Eu sou Leonna Jubaganja, criador de conteúdo da Muda Mundo e, falando sério, eu tô muito animado de estar trazendo isso pra vocês! No nosso primeiro post recebemos o maravilhoso artista e amigo Breno Felipe para uma conversa sobre os processos da produção do novo videoclipe musical da banda Bakamarte.
A entrevista foi feita online no dia 28/08/2020. Você pode achar a Bakamarte no Instagram no perfil @bandabakamarte. As fotografias deste post você encontra no perfil @leonna.fotoearte do Instagram.
Para começar nossa conversa eu perguntei a Breno como a banda está organizada nesse momento de crise que estamos vivendo, e quais as dificuldades/facilidades que estavam encontrando durante essa nova fase de produção.
Banda Bakamarte - Breno Felipe
BRENO: "Quando a Bakamarte voltou do Rio de Janeiro de um trabalho com o SESC a gente voltou com uma outra cabeça em relação à nossa própria produção. E quando a gente assumiu essa característica da produção independente, de gravar em casa separadamente os instrumentos, de produzir mandando um pro outro, acho que digitalmente por causa da pandemia a gente se aproximou mais. [...] Então antes desse clipe acontecer a gente já tinha feito outras reuniões, outras produções à distância pra que tudo isso tivesse acontecendo agora. O que facilitou muito foi que toda galera da banda tem estrutura pra gravar em casa, pra que a gente não ter que ir prum estúdio e ficar várias horas ali gravando e tentando, e tal, e ter que ir outro dia... Então trabalharmos em home office facilitou muito pra gente."
JUBAGANJA: Como foi o processo de produção do clipe? Qual a influência dessa produção na banda?
BRENO: "A ideia do clipe foi feita de uma forma completamente independente. A gente não contratou uma diretora pra escrever um roteiro com a gente. A gente foi fazendo na hora! Chamamos Suélio, o cameraman, e fomos fazendo. O Suélio e o Pablito! Pablito, que participou do clipe, tem muita experiência com cinema e ajudou bastante! Mas o desenvolvimento do roteiro foi feito na hora. Vamo aqui, agora vamo aqui, fazendo isso, assim, coisa e tal.... A gente foi fazendo, foi fazendo e aí chegamos no resultado tá agora. De uma certa forma esse single nos uniu mais por metermos essa mola sozinhos, por entendermos que a banda é uma empresa em que todos os integrantes têm uma função além de tocar. Não é só tocar, não é só gravar. É administrar as redes sociais, conferir e-mails todos os dias, etc. Então a gente tem todas essas coisas por trás que não é só a música pra que essa produção aconteça.
JUBAGANJA: Individualmente, como te afeta essa nova fase da banda, Breno?
BRENO: "Como é a gente que faz tudo, não temos produtor, nem diretor, acho que isso também agrega valor, de certa forma. [...] Quando eu comecei a gravar com a Bakamarte, em casa, com todo esse lance produção independente, eu vi que era totalmente possível eu fazer um projeto meu também. Um projeto que eu já tinha em mente, que eu já queria gravar num estúdio, porém eu tava nessa mola de ter que chamar tantos músicos, de pagar estúdio... aí eu pensei 'caramba, velho, se na Bakamarte a gente conseguiu fazer isso, por que eu não consigo fazer um EP nessa mola independente também?'; e aí eu comecei a fazer. A primeira faixa já tá quase pronta, falta gravar voz e violão, mas os outros instrumentos já estão gravados. Acho que a Bakamarte me instigou nesse sentido. De parar de romantizar de que tem ir num estúdio massa pro nosso trabalho ficar massa. Eu acho que faz o nosso trabalho ficar massa é a gente mesmo, tá ligado? Eu estudo produção musical e faço collabs toda semana, e cada collab eu faço de maneira diferente porque eu levo os collabs como estudo. O meu EP autoral eu tô levando mais a sério. Então eu conto com a ajuda de Romero Coelho - que é um produtor daqui de Campina Grande formado em Arte e Mídia que entende muito de áudio - pra produzir esse EP comigo."
JUBAGANJA: A banda Bakamarte já é veterana na cena musical, e conta com um elenco muito carismático pra galera. Como foi que vocês se juntaram? Quais são as melhores partes dessa vivência de vocês?
BRENO: "A Bakamarte sempre foi uma família. Barreto, Vinícius e eu sempre fomos além da banda. A gente já é amigo das antigas, de irmos pras casas uns dos outros, enfim. Já o Joselito entrou de uns anos pra cá, mas a gente tem a mesma cabeça, saca? Já temos amizade. O Tonny tinha uns outros trabalhos que a gente já sacava, e aí quando o chamamos pra banda, casou, né? Todo mundo na mesma vibe! A banda é toda gaiata por si só! [...] O que eu acho que pode ter intensificado esse clima foi justamente a produção desse clipe, porque na instiga os meninos disseram: 'vamo chamar Estêvão Ferreira lá de Vertentes pra vir aqui fazer o clipe', e o bicho veio mesmo de Vertentes! E Pablito é de casa, né. Com Pablito eu tenho o projeto Varal de Cabaré onde eu sou guitarrista e ele vocalista. Eu já sabia que seria de boa essa produção com esses caras, mas o fato de Estêvão Ferreira vir com toda a produção foi uma gréa, saca? De trocar ideia, de tirar onda com ele e ele com a gente. Esse contato foi massa, foi o momento mais engraçado e prazeroso, porque foi um trabalho muito grande que a gente teve mas foi de boa. A vibe da Bakamarte é boa. A galera é de boa, tem a mesma cabeça política, a mesma ideologia pra fazer as coisas. Às vezes a gente pensa diferente em algumas coisas, mas no geral o que nos mantém juntos nesse caminho é a música, e também a amizade que a gente leva pra vida inteira. Houve um momento em que eu quis sair da Bakamarte, quis ir pra outros trabalhos, outros projetos. Mas eu admito que a Bakamarte foi um projeto que abriu muito minhas portas, me deu visibilidade pra eu participar desses outros projetos nos quais eu participo hoje, em nível de festival. É um projeto pelo qual eu agradeço muito. Não sei se vou continuar nele, talvez continue, talvez não, depende de como eu vou desenrolar minha carreira autoral, se vou conseguir conciliar e tal. Mas eu agradeço à Bakamarte por tudo isso, por todas essas vivências. Quando Vinícius, Barreto e eu fundamos a Bakamarte a gente nem esperava alcançar tudo que a gente alcançou hoje, saca? Isso pra gente é muito novo! Primeiro festival nível SESC, a gente conseguiu chegar aí! Mas foi depois de muita mola, muitos anos de convivência juntos - e acho que isso fez toda a diferença: aprender a conviver com o outro dentro do projeto. Entender o outro também faz parte. E todo mundo na Bakamarte tem outros projetos, então a gente meio que acaba se encaixando com o tempo do outro, mas sempre levando com certa seriedade."
JUBAGANJA: O single Quarto 47c recebe destaque nessa fase da banda. Como foi o processo de composição da música?
BRENO: "Foi um dos primeiros processos de composição que juntou todo mundo. [...] Essa letra é de Lito. Joselito chegou numa reunião com ela e perguntou "Breno, o que tu acha dessa parte? Ah, faz essa harmonia aqui, vamo ver se fica legal", e aí eu pegava o violão e "não, tal, vamo fazer o refrão assim!"; depois "como a gente pode terminar a letra do refrão?", e assim meio que a gente foi montando junto. Joselito trouxe o esboço e um foi dando dicas de harmonia, outro foi dando dicas sobre os versos e fomos montando e montando. Quando a gente já tinha a música pronta, tocamos ela no Rio de Janeiro. Aí o Felipe Rodarte - que é um dos caras cabeça da Toca Do Bandido, um estúdio muito famoso lá no Rio de Janeiro, que já produziu Sepultura e, no tempo, estava produzindo o novo álbum do Baco Exu do Blues -, escutou a música da gente e deu altos toques, mano! Altos toques! E aí a gente gravou o instrumental do jeito que ele aconselhou. Acho que isso contribuiu também pra que a música ficasse na cabeça, tá ligado?"
JUBAGANJA: O clima desse single é brega em sua essência. Qual é a sacada por trás dessa identidade?
BRENO: "A gente adotar essa imagem brega e 'apocalíptica' ajudou na questão do marketing, porque se a gente for ver a Bakamarte no primeiro disco e comparar com o que a gente tá fazendo agora... a gente deu uma mudada, saca? E acho que essa música em específico fala muito sobre essa vida amorosa adulta que a gente leva de encontrar uma pessoa, de conhecê-la num barzinho e levar ela dali prum outro canto porque rolou um clima e tal, e vai pra uma pousada, um motel... de certa forma é uma vida de boemias, mas é uma vida amorosa que acontece, é uma realidade nossa. Eu acho muito massa esse refrão "escuros segredos do quarto 47c". É o que marca a música, né! A gente teve também a participação de Hugo César nessa letra. O Hugo é um compositor incrível que tem parceria com Barreto, e ele nos deu uma ajudada dando um "up" na música. A letra pega, tá ligado? Fica na cabeça. O refrão principalmente! O clima da música fixa muito na cabeça da galera. É uma música que se encaixou perfeitamente na história que a gente propôs: o caso de Estêvão Ferreira com Pablito! Porque a gente poderia ter feito o clipe de uma maneira totalmente clichê, né? De ter um homem no balcão, aí chega uma mulher, aí rola um clima... A gente poderia ter feito desse jeito, saca? Mas cara, quebrar tabu é exatamente isso! Negar esse clichê! O clima que vai rolar vai ser entre Estêvão e Pablito e são eles quem vão pro quarto 47c! Explicando melhor: a gente poderia ter um casal heterossexual encenando no clipe, mas o fato da gente colocar dois homens é uma quebra de tabu, é uma desconstrução. Essas situações são muito romantizadas no espaço hétero, mas dessa forma a gente mostra que as pessoas LGBTQI+ têm também essa vivência que a gente encontra na letra. E acho que isso é o ponto chave do clipe."
O clipe do Quarto 47c estreia em 11/09/2020 no canal do Youtube BandaBakamarte. Como recado, Breno deixa ainda:
Para os fãs da Bakamarte: Aguardem. Está vindo aí um clipe muito apocalíptico, com muito Campari, cerejas, morangos e mel. Beijos, beijos de luz!
Caramba, muito boa essa entrevista. Eu tô doido pra assistir ao lançamento do clipe! Um forte abraço pro Jubaganja, pra Breno e pra toda galera da Bakamarte! Bom lançamento!